terça-feira, 13 de agosto de 2013

Lesões no ombro, o jugo da liberdade de movimento?

Entrevista com: 
Dr. Pedro Costa

P.: O ombro é das articulações que mais sofre de lesões por esforços repetitivos. Pode resumir-nos o que é que na mecânica desta articulação a torna tão susceptível a este tipo de lesão?
Há , de facto, várias características desta articulação que a tornam particularmente susceptível de sofrer tantas lesões. Em primeiro lugar o ombro é a articulação do nosso corpo com mais mobilidade. A sua anatomia permite um enorme arco de movimento em várias direcções  o que possibilita o posicionamento da mão no espaço e a realização de tarefas que, por este motivo, só são possíveis à espécie humana. Esta grande mobilidade leva, por exemplo, aos problemas de instabilidade muito frequentes no desporto. Em segundo lugar, o ombro apresenta vários espaços “de deslizamento” entre osso e tendões. É o caso do espaço sub-acromial entre o osso acrómio e o tendão do músculo supra-espinhoso. Com os movimentos repetitivos  em posições extremas, devido à profissão ou desporto praticado, surge o “conflitosub-acromial” em que há uma inflamação e/ou desgaste do tendão por contacto repetitivo com  o osso. Isto leva à inflamação (a conhecida “tendinite”) e mesmo à ruptura dos tendões. Por último, somos cada vez mais activos até uma idade mais avançada o que leva a um desgaste natural dos músculos e tendões. Assim, enquanto na anca ou no joelho, como são articulações de carga, surge a artrose por desgaste da cartilagem, no ombro aparecem com muita frequência rupturas “degenerativas” dos tendões por fadiga.

P.: O que pode ser feito como prevenção para evitar o desgaste dos componentes articulares, sobretudo em pessoas com tarefas laborais ou desportivas repetitivas?
Na prevenção das lesões do ombro é essencial manter um bom equilíbrio muscular. Como o ombro tem músculos e tendões que “puxam” em várias direcções, é frequente surgirem desiquilíbrios por predominância de uns grupos musculares sobre outros devido às tarefas repetitivas do trabalho ou desporto praticado. Assim, é muito importante a compensação dos músculos e tendões menos trabalhados para evitar as situações de instabilidade ou conflito de que falei anteriormente. Depois é também importante “respeitar” a dor quando ela surge e saber que ela é efectivamente um sinal de alarme, que algo vai mal e que é preciso investigar para se poder tratar em tempo útil e não deixar avançar uma eventual lesão.

P.: Depois de só a artroscopia ser solução, o que espera o paciente logo após a cirurgia? Pode dar-nos alguns prognósticos de reabilitação médios para diferentes intervenções por artroscopia nesta articulação?
Actualmente o tratamento cirúrgico das lesões do ombro é praticamente todo efectuado por artroscopia. À excepção das artroplastias por artrose e das fracturas, todas as reparações tendinosas e ligamentares são efectuadas por artroscopia. Esta técnica permite uma cirurgia muito mais anatómica e de recuperação muito mais rápida. Mesmo assim, a cicatrização demora muito e é frequente uma paragem prolongada depois de uma cirurgia ao ombro. Para dar alguns exemplos, depois de uma reparação de uma instabilidade é necessário estar 3 meses sem praticar desporto e depois de uma reparação dos tendões da coifa dos rotadores são necessários de 3 a 6 meses para recuperar um ombro normal. No entanto, é importante ter a noção de que com as técnicas cirúrgicas actuais e com a recuperação adequada e bem acompanhada é possível e frequente a recuperação a 100% para o trabalho e desporto.

P.: Para terminar, algum novo projecto de investigação na calha? Ou sugestão de temas que pensa serem interessantes investigar no futuro?
Actualmente o “projecto” que tenho passa mais pela tentativa de aproximação entre os vários intervenientes no tratamento das lesões do ombro. Tem havido uma sub-especialização progressiva dentro da Ortopedia Geral no sentido de nos dedicarmos a uma só articulação. No meu caso, senti esta necessidade ao terminar a especialidade e fiz uma sub-especialização em Ombro durante 1 ano em Lyon, França em 2003. Desde aí que me tenho dedicado só ao estudo e tratamento da patologia do ombro. Com esta evolução e com a ajuda da tecnologia, a cirurgia do ombro evoluiu muito nos últimos anos e consequentemente melhoraram muito os resultados obtidos nos doentes que tratamos. Julgo que há actualmente a necessidade de aproximação entre o médico assistente, o médico fisiatra, o fisioterapeuta que acompanha e trata o doente e o cirurgião do ombro para que todos falem a “mesma língua” e se possa optimizar o tratamento destas lesões do ombro que são frequentemente tão  incapacitantes mas que têm, hoje em dia, a possibilidade de recuperação total.
 Nesse sentido tenho organizado com alguma frequência reuniões e cursos para médicos de MGF e para fisioterapeutas onde discutimos o que fazemos e as várias vertentes e possibilidades de tratamento das lesões do ombro. A próxima está já programada para Outubro/2013 e deixo aqui o convite e o desafio a quem lida com o Ombro para comparecer e partilhar a sua experiência e abordagem no tratamento destas lesões.


Pedro Costa
Médico Ortopedista, especialista em lesões do ombro
Coordenador da Unidade do Ombro do Hospital Pedro Hispano e do Hospital Privado da Boa Nova
Membro da:
Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia
Sociedade Portuguesa de Artroscopia e Traumatologia Desportiva
Secção do Ombro da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia
SECEC - Sociedade Europeia de Cirurgia do Ombro e Cotovelo



domingo, 11 de agosto de 2013

Influência da banda iliotibial na dor lombar de uma corredora de longas distâncias – estudo de caso clínico

A síndrome de fricção da banda iliotibial, também conhecida como síndrome da banda iliotibial (SBIT) ou tendinite iliotibial, é uma condição comum nos corredores de longas distâncias e ciclistas, que envolve várias estruturas dos membros inferiores.

O músculo tensor da fáscia lata (TFL) tem origem na espinha ilíaca ântero-superior e no aspecto anterior do bordo externo da crista ilíaca e insere-se na banda iliotibial (BIT), uma bainha tendinosa que se estende a partir do músculo TFL e se insere tubérculo de Gerdy na tíbia.

Portanto, a BIT abrange duas articulações, a anca e o joelho. As ações da BIT e do TFL são abdução da perna e rotação medial e flexão da coxa. O TFL também ajuda a estabilizar o joelho quando é extendido, e estabiliza o tronco inferior.
Por a BIT atravessar duas articulações, distúrbios da cadeia cinemática na extremidade inferior podem levar a biomecânica pélvica anormal.

A BIT vai ficando mais retraída à medida que absorve as forças de reação ao solo e, portanto, afeta sobretudo aqueles que correm longas distâncias. À medida que os tecidos envolvidos respondem à demanda/stress extremos, a BIT, glúteo máximo, glúteo médio e TFL ficam mais retraídos. O encurtamento/retracção na BIT afetam a amplitude de movimento do joelho, o que limita a sua amplitude de rotação interna. Esta diminuição da rotação interna pode mudar a biomecânica da anca, pélvis e região inferior da coluna lombar na fase de ataque ao solo. Nesta fase, a extremidade inferior está em posição de cadeia cinética fechada e as forças são transmitidas a partir do pé para cima no corpo.

Comumente, a SBIT apresenta-se como dor na face lateral do joelho ou na anca, no entanto, este estudo de caso identifica um paciente com dor lombar e na sacroilíaca, para a qual a SBIT parece ser um diagnóstico apropriado.

Apresentação de caso clínico

  • Uma paciente com 38 anos, corredora, solicitou atendimento por dor lombar generalizada e dor na sacroilíaca direita, no mês de abril.
  • Estes sintomas começaram no outubro anterior, mas foram aliviando um pouco ao longo dos meses de inverno, quando a paciente reduziu a frequência dos seus treinos mais longos (16-24Km).
  • O seu treino consistia em 8 a 13 Km/dia, 3 a 4x semana, mais um ou dois treinos de fundo. Isto durante anos sem dificuldade e sem história de lesão traumática.
  • Quando, nesta primavera, voltou a participar em provas mais longas, a dor voltou e gradualmente piorou.
  • Em abril, pouco antes do início da dor na sacroilíaca e lombar, ela tinha sentido dor ocasional na lateral da anca e joelho 3/10.
  • Após 3 a 4 dias de anti-inflamatórios a dor aliviou. Quando começou a sentir dor na sacroilíaca e lombar, voltou a tomar os anti-inflamatórios, mas sem resultado.
  • A dor na sacroilíaca e lombar tornou-se aguda e penetrante e parecia ser mais grave num círculo de 8cm, com a espinha ilíaca direita posterior superior no centro (6/10). Depois a dor foi-se estendendo à parte inferior das costas, região lombossacral esquerda e anca direita (4/10). Em pé, a intensidade da dor aumentava para 7/10 e 5/10, respectivamente, e ao caminhar para 9/10 e 7/10, respectivamente.
  • Na avaliação postural, vista posterior, a crista ilíaca esquerda estava mais baixa, com uma rotação pélvica para a esquerda, e o ombro esquerdo mais alto. Na lateral observou-se anteriorização da cabeça.
  • A palpação revelou sensibilidade do processo espinhoso de L5 e sacroilíaca direita. Foi observada fixação da sacroilíaca direita em extensão à palpação com movimento.
  • Houve também uma leve sensibilidade à palpação sobre o grande trocânter do fémur direito, face lateral da coxa e do joelho. Foram encontrados pontos-gatilho no glúteo máximo e médio direitos e no TFL.
  • As amplitudes de movimento ativas da coluna lombar, tornozelos, joelhos e ancas eram normais e não dolorosas.
  • Os testes de Gaenslen, de Kemp e de Patrick causaram aumento da dor na SI lombar direita. O teste de Lasègue foi negativo. A compressão ilíaca posterior causou aumento da dor na SI direita.
  • A BIT estava retraída à direita e o teste de Ober deu positivo.
  • A paciente foi diagnosticada como tendo retracção da BIT, com subsequentes contracturas musculares na coluna lombar e sacroilíaca.


Tratamento

  • O tratamento consistiu em manipulação de alta velocidade e baixa amplitude da sacroilíaca (com a paciente em decúbito lateral), mobilização da coluna lombar e gelo aplicado na sacroilíaca direita por 15 minutos, após a manipulação.
  • Isto foi feito três vezes por semana, durante 2 semanas.
  • Foram prescritos alongamentos da coluna lombar, sacroilíaca, e BIT, uma vez por dia, para promover o movimento nas articulações fixadas. Especificamente, o programa de alongamento consistiu em exercícios como puxar o joelho ao peito, rotações pélvicas, alongamento em flexão lombar completa, e marchar com elevação do joelho.
  • Também foi instruída para não correr ou fazer longas caminhadas.
  • Embora se tenha sentido melhor, a dor voltou quando ela retomou um programa de caminhada, a partir da segunda semana.
  • A reavaliação ainda revelou retracção da BIT, com pontos de gatilho localizados nos glúteos máximo e médio direitos e TFL. Neste momento, o plano de tratamento foi modificado. A manipulação continuou tal como descrito anteriormente. Foi iniciada terapia de pontos-gatilhos no glúteo máximo, glúteo médio e TFL, seguido de alongamento dos extensores da anca. Massagem de fricção foi realizada ao longo da BIT especialmente na sua inserção no côndilo lateral. Os tratamentos continuaram duas vezes por semana, durante 2 semanas.
  • Após estes tratamentos a paciente foi orientada a alongar a BIT duas vezes por dia, como representado nas figuras 1 e 2.


  • A paciente parecia responder favoravelmente ao tratamento e voltou às caminhadas de cerca de 30 minutos. Na semana seguinte começou a correr, restringida a três vezes por semana, não mais de 3,2Km. Foi instruída a correr apenas em superfícies planas e a participar também em desportos multidirecionais, como ténis e basquete.
  • Após três semanas deste tipo de treinos voltou gradualmente aos seus treinos normais, sem sintomas.


Conclusão


A SBIT, como muitas outras condições de sobre uso, deve ser considerada como uma possível causa da dor lombar em corredores e ciclistas. Através de sistemas de transmissão da força, as forças são transmitidas a partir do pé para a parte inferior das costas. Portanto, qualquer funcionamento anormal dos membros inferiores, incluindo músculos, ligamentos, tendões e fáscia pode causar alterações biomecânicas da anca e resultam na fixação da sacroilíaca e lombar. 

Kasunich NJ. Changes in low back pain in a long distance runner after stretching the iliotibial band. J Chiropr Med. 2003 Winter;2(1):37-40.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

A Fisioterapia no ténis de elite

Entrevista com:
Fisioterapeuta Carlos Carvalho

P.: O Carlos acompanha em exclusivo os tenistas Jan Hajek e Lukas Rosol, actuais nº125 e nº44 no Ranking ATP. Quais são as suas principais tarefas ao longo do ano para preparar uma temporada? Como se desenrola o planeamento da temporada em si e dos objectivos?
A minha tarefa é muito simples, trabalhar na prevenção para evitar lesões, se as mesmas ocorrerem, reabilitar e potencializar a performance do atleta.
O planeamento da temporada é algo complexo porque nunca sabemos a 100% quais os torneios que iremos realizar.
Mas o fundamental é potencializar a condição física antes do torneio e durante o torneio, para isto, temos que ter em conta o tipo de competição que vai realizar (se é torneio ATP, Grand Slam ou Taça Davis), em que tipo de piso vai jogar (terra batida, relva ou rápido), e quais as possíveis condições climatéricas irá ter.
Assim, tendo em conta todas estas condições, realizamos um plano para potencializar todas as suas variantes.
Algumas das rotinas que realizo com eles, passam pelas mobilizações matinais, exercícios para "despertar o corpo", aquecimento antes do treino, treino no court/ginásio (força, velocidade, resistência, flexibilidade, propriocepção), estiramentos, banhos de contraste, hidroterapia, massagem desportiva, massagem com gelo, estes são alguns dos exemplos das actividades que realizo diariamente, além de ter o cuidado de preparar toda a sua dieta e hidratação.

P.: Qual o seu papel, e como se conjuga com os outros profissionais que acompanham este atleta?
Como assumo o papel de Fisioterapeuta e de Preparador Físico a minha responsabilidade é ainda maior, assim tenho de ter uma boa inter-relação com o seu treinador para podermos planificar todo o trabalho quer físico, quer tático. Deste modo tenho de ter em conta o trabalho que realiza no court, avaliar a sua condição física de modo a potenciar os seus valores quer em treinos no ginásio quer em treinos no court, onde para isso preciso também da opinião do treinador que é fundamental para assim melhorar a sua performance. Posto isto, temos que estar em contato permanente para que o nosso trabalho seja o melhor possível em prol do jogador.
P.: É o Carlos que os assiste durante o jogo? Como se gerem as expectativas de um jogador deste nível, e que tem certamente compromissos a cumprir, sem pôr em causa a sua integridade física? Já lhe aconteceu alguma situação de dúvida neste sentido?
Todos os jogadores que necessitam de assistência médica durante o jogo, a mesma é-lhes providenciada pelos serviços do ATP, nenhum elemento da sua equipa técnica o pode assistir durante o jogo. Todas as decisões que tomam durante o jogo são sempre com a opinião da assistência médica dos serviços do ATP. Felizmente, até à data, nenhum dos jogadores com que trabalhei teve que desistir devido a uma lesão. 
P.: Para terminar, como faz para conjugar esta vida profissional, que certamente o obriga a inúmeras viagens, com a vida pessoal? Como os atletas, haverá uma altura em que é tempo de pousar as sapatilhas?
Realmente não é algo fácil de conjugar uma vez que viajo cerca de 35 semanas por ano. Por um lado sinto-me um privilegiado porque tenho a possibilidade de viajar por todo o mundo e conhecer culturas diferentes. A nível profissional também é bom porque lido com bons profissionais da área onde tenho oportunidade de trocar conhecimentos, experiências e técnicas. Mas por outro lado, as saudades da família, amigos e namorada apertam e sentimos necessidade de estar mais próximos. Não sei quantos anos mais irei continuar por aqui, mas no futuro gostaria de trabalhar cá em Portugal e poder viajar algumas semanas durante o ano. Até lá esperamos por novos desafios.



Carlos Carvalho
Fisioterapeuta, Master em Osteopatia, frequência no curso de Ciências do Desporto
Acompanhou diversos tenistas profissionais, como Nicolay Davydenko, Michal Mertinak, Chantal Skamlova e Tommy Haas.
Actualmente acompanha em exclusivo os tenistas Lukas Rosol e Jan Hajek




domingo, 4 de agosto de 2013

Projecto Walk Again, o sonho de devolver o andar a lesados vertebro-medulares

O neurocientista Miguel Nicolelis anunciou nas redes sociais nesta quinta-feira (1/08/13) que recebeu “a última autorização” para colocar em prática o teste, no Brasil, do exoesqueleto no qual trabalha para fazer um jovem paraplégico dar o pontapé inicial do Campeonato do Mundo de Futebol de 2014.
O projeto chama-se Walk Again (andar de novo, em inglês). 
No Facebook, Nicolelis anunciou a novidade da seguinte maneira: “Agora é oficial: Projeto Andar de Novo recebe a última autorização necessária para iniciar testes com exoesqueleto robótico no Brasil. O primeiro projeto envolvendo o uso de sinais neurobiológicos para controlar e "sentir" o desempenho do exoesqueleto robótico em pacientes com paraplegia será implementado no Brasil”.
O exoesqueleto é conectado diretamente ao cérebro do paciente, que então controla o equipamento como se fosse parte de seu próprio corpo. A técnica faz parte de uma linha de pesquisa conhecida como interface cérebro-máquina, com a qual Nicolelis já obteve resultados internacionalmente relevantes. Em um dos mais importantes, fez com que macacos não só controlassem uma mão virtual, como também que sentissem uma espécie de tato quando exerciam a atividade.
Esta é uma área de investigação que promete alterar por completo a forma como são encaradas as lesões graves da coluna vertebral. Pode ver mais inovações com potencial aqui.
Fonte: G1

sábado, 3 de agosto de 2013

Dicionário Saúde e Fisioterapia

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H

Hiperestesia redução na sensibilidade aos estímulos sensoriais.
Hipoalgesia redução na sensibilidade à dor.
Hipocapnia diminuição constatada da quantidade de anidrido carbónico no sangue; também chamada acapnia.
Hipocifose situação inversa àquela descrita para a hipercifose, também considerada como patológica, com diminuição desta curvatura e podendo chegar à retificação do eixo longitudinal desta região, apresentado ao exame por imagens (raios X), numa visão de perfil, uma coluna reta (ausência de curvatura). Lembrar-se sempre de considerar as características morfológicas do indivíduo avaliado.
Hipocinesia movimentos que estão reduzidos quanto a velocidade, amplitude e alcance.
Hipocrescimento (Hipoplasia), Braquidactilia crescimento diminuído de um dedo ou de todo o membro superior.

Hipolordose situação inversa àquela descrita para a hiperlordose, também considerada como patológica, com diminuição desta curvatura e podendo chegar à retificação do eixo longitudinal desta região, apresentado ao exame por imagens (raios X), em uma visão de perfil, uma coluna reta (ausência de curvatura).
Hipometria encurtamento da distância, ou da amplitude, de um movimento devido a uma doença cerebelar; subestimativa do movimento exigido para que seja atingido um objeto-alvo.
Hipomobilidade articular diminuição do movimento articular normal.
Hipoplasia subdesenvolvimento, em geral de osso ou órgão. É o contrário da hiperplasia.
Hipopnéia diminuição do volume corrente e da frequência respiratória.
Hipotensão pressão sanguínea abaixo do normal.
Hipotensão ortostática baixa pressão arterial causada por atingir a posição ortostática repentinamente, como ir da posição sentada para a de pé.
Hipotensão ortostática (postural) queda (abaixo do normal) na pressão sanguínea, relacionada ao movimento para assumir uma posição ereta; pode ser intensa, após um prolongado repouso no leito, ou pelo confinamento em uma cama ou cadeira de rodas.
Hipotermia situação em que a temperatura do corpo se encontra menor do que 36°C.
Hipotonia queda no tónus muscular provavelmente relacionada com a interrupção da condução aferente dos receptores facilitadores sobre o sistema fusimotor. Observa-se uma diminuição da resistência ao movimento passivo, e os músculos poderão ser sentidos como anormalmente moles e flácidos. Também podem ser observados reflexos reduzidos nos tendões profundos.
Hipotonicidade baixo tónus muscular. Caracterizada por falta de resistência ao movimento passivo, má definição dos músculos, hipermobilidade das articulações e, às vezes, menor força e resistência.
Hipotrofia diminuição de volume muscular devida à imobilização. É o contrário da hipertrofia.
Hipoventilação queda na frequência e profundidade da respiração.
Hipoxemia conteúdo anormalmente baixo de oxigénio no sangue arterial; também denominada anoxemia.
Hipóxia oxigenação insuficiente do sangue ou dos tecidos; redução do oxigénio.

Hippel-Lindau, Donça de o mesmo que doença de Von Hippel-Lindau. Trata-se de um transtorno hereditário que aparece em crianças, caracterizado por hemangiomas na retina e hemangioblastoma no cerebelo, bulbo e medula espinhal; às vezes, associam-se cistos em vários órgãos, especialmente nos rins e pâncreas; também chamada Doença de Lindau ou angiomatose retinocerebral.
Hirschsprung, Doença de caracteriza-se por megacólon congénito; doença congénita da primeira infância, percebida pela distensão extrema do cólon resultante da ausência de células ganglionares do plexo mioentérico do reto e cólon inferior.
Histamina amina cristalina branca, C5H9N3, que existe em todos os tecidos animais e vegetais; forma-se pela descarboxilação da histidina e pela ação de bactérias putrefacientes; sua liberação no interior do organismo dá lugar a constrição brônquica, dilatação arteriolar, aumento da secreção gástrica e diminuição da pressão arterial.
Histerossalpingografia exame radiográfico que estuda o aparelho reprodutor feminino, abrangendo o útero, as trompas e o ovário, excetuando a vagina e a genitália externa.
Histiocitose X nome genérico proposto para abranger três entidades possivelmente relacionadas, caracterizadas pela proliferação histiocítica de etiologia desconhecida: granuloma eosinófilo, síndrome de Hand-Schüller-Christian e doença de Letterer-Siwe.
Histocompatibilidade capacidade de um indivíduo para aceitar tansplante de um órgão proveniente de outro indivíduo, o que decorre do grau de semelhança das características antigénicas dos tecidos do receptor e do doador.
Hohmann, Operação de operação corretora das articulações em garra por ressecção da extremidade distal da falange proximal e fixação da articulação num eixo mais alinhado.
Holístico relativo a Holismo, teoria fisiológica segundo a qual o homem é um todo indivisível e que não pode ser explicado pelos seus componentes distintos, em separado (físico, psicológico e social).
Homeopatia terapia alternativa, natural, não-convencional, reconhecida pela OMS, idealizada pelo médico alemão Samuel Hahnemann no século XVIII, que utiliza medicamentos retirados de todos os reinos da natureza, preparados através de uma técnica especial e bem definida, prescritos pela semelhança do resultado da experimentação em indivíduos sadios com o quadro que se pretende tratar.
Homeostasia estado de equilíbrio fisiológico no organismo vivo (temperatura, pressão arterial, composição química etc.) em condições de variabilidade ambiental.
Homeoterapia tratamento ou prevenção de uma doença com uma substância similar, mas não- idêntica, ao agente causal dessa enfermidade; p. ex., através de vacinas.
Homeotérmico animal cuja temperatura corporal permanece relativamente constante, independente




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Dicionário Saúde e Fisioterapia

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H

Hérnia (do núcleo pulposo do disco intervertebral) cada um dos discos fibrocartilaginosos (que se intercalam entre vértebras vizinhas) é constituído por um anel fibroso rígido, na periferia, e por um núcleo pulposo interno; porém, quando se dá a ruptura do anel fibroso, produz-se uma hérnia do núcleo que, eventualmente, comprime as estruturas nervosas adjacentes, produzindo dor ou paralisia na área correspondente.
Hérnia discal degeneração e desidratação do disco intervertebral com migração do núcleo pulposo através das fibras do anel fibroso.
Herniação, Prolapso protrusão do núcleo pulposo do disco intervertebral, na qual o núcleo ainda fica contido dentro do anel e estruturas ligamentares de suporte.
Herniação do tronco cerebral protrusão do tronco cerebral através do forâmen magno.

Hertz (Hz) unidade de frequência, representando ciclos por segundo.
Hexadactilia malformação congénita que consiste na existência de seis dedos.
Hialuronidase enzima que se encontra no esperma, no veneno de serpentes e de abelhas e em bactérias patogénicas; dá lugar à degradação do ácido hialurónico nos espaços hísticos, permitindo assim que o agente invasor penetre nos tecidos e nas células; chamada também fator de difusão.
Hidartrose acumulação de líquido seroso numa cavidade articular.
Hidrocefalia acumulação de líquido nos ventrículos do cérebro, causado por uma interferência no fluxo normal de líquido cérebro-espinal.
Hidrocolóide colóide gelatinoso em equilíbrio instável com a sua água constituinte; usado principalmente como material de impressão.
Hidrólise de ATP quebra do trifosfato de adenosina (ATP) em difosfato de adenosina (ADP) e P.
Hidroterapia 1. utilização da água de diferentes maneiras (banhos, duches, saunas, hidromassagens, húmidos quentes ou frios) com objetivos terapêuticos; 2. tratamento fisioterapêutico realizado em piscina terapêutica aquecida ou turbilhão (quente ou frio) para recuperação de pacientes com lesões musculoesqueléticas.
Higidez estado de saúde. Condição do organismo que goza de perfeita saúde.
Higroma sinónimo de bursite.
Hill-Sachs, Lesão de afundamento do osso cortical do canto lateral superior da cabeça do úmero.
Hipalgesia, Hipoalgesia redução da sensibilidade à dor.
Hiperalgesia aumento da sensibilidade à dor.
Hiperatividade comportamento afetado pelos níveis de atividade acima da amplitude normal, que inclui dificuldade em permanecer sentado, inquietação constante das mãos ou dos pés, e incapacidade de centrar a atenção por períodos prolongados.
Hipercifose situação em que encontramos a cifose fisiológica aumentada, sendo esta considerada como patológica. Lembrar-se sempre de considerar as características morfológicas do indivíduo avaliado.
Hipercinesia 1. movimentação excessiva de um órgão ou parte do corpo; 2. um termo geral usado na descrição da atividade ou movimento muscular anormalmente aumentado; irrequietude.

Hipercrescimento (Gigantismo), Macrodactilia hipertrofia de um dedo ou de todo o membro superior, ou mesmo uma hemi-hipertrofia do organismo. A mais comum é do indicador.
Hiperemia aumento da concentração de sangue num órgão ou região anatómica, geralmente em virtude de uma inflamação. A hiperemia é acompanhada quase sempre pelos sinais clássicos de inflamação: dor, rubor, calor, seguida de perda de função;
Hiperemia ativa— hiperemia causada pelo aumento do fluxo de sangue arterial que dá lugar à dilatação de arteríolas e capilares, como na inflamação.
Hiperemia colateral — aumento do fluxo sanguíneo pelos vasos colaterais, devido a uma detenção do fluxo na artéria principal.
Hiperemia passiva — hiperemia que resulta na obstrução do fluxo da saída de sangue numa determinada zona.
Hiperesplenismo transtorno em que os elementos figurados do sangue são destruídos por uma atividade excessiva do baço; pode resultar em anemia, com neutropenia, trombocitopenia ou uma combinação destas.
Hiperestesia aumento na sensibilidade aos estímulos sensoriais.
Hiperidrose transpiração anormalmente abundante, generalizada ou localizada.
Hiperinsuflação manual técnica fisioterapêutica de ventilação manual através de balão auto-inflável.
Hiperlordose 1. postura caracterizada por um aumento no ângulo lombo-sacral, na lordose lombar, na inclinação pélvica anterior e na flexão de quadril; 2. exagero da lordose lombar fisiológica, por diversas causas: obesidade, gravidez, luxação congénita do quadril.
Hipermobilidade aumento dos movimentos normais de uma articulação.
Hiperostose 1. qualquer espessamento anormal, localizado ou difuso, de um ou mais ossos, acarretando deformidade óssea; 2. espessamento anormal, circunscrito ou difuso, de um ou vários ossos, conduzindo a deformações ósseas.
Hiperplasia aumento na massa muscular devido a um crescimento no número de fibras musculares. Genericamente é o aumento de um tecido ou órgão em virtude do aumento de células da mesma linhagem. As hiperplasias são reversíveis.
Hiperpnéia aumento do volume corrente e da frequência respiratória.
Hiperpolarização aumento na polaridade da membrana, caracterizado pelo lado interno tornando-se mais negativo com respeito ao lado externo.
Hipertensão pressão sanguínea mais elevada do que o normal.
Hipertensão pulmonar pressão aumentada na circulação pulmonar ocasionada por diversas doenças.
Hipertermia febre extremamente elevada; leituras de temperatura de 41,1°C (106°F), ou mais elevadas; também chamada hiperpirexia.
Hipertonia 1. aumento no tónus muscular, tal como ocorre com a espasticidade e a rigidez.
Hipertonicidade alto tónus muscular. Caracterizada por resistência ao movimento passivo e por movimentos involuntários (espasmos).
Hipertrofia aumento anormal de uma célula ou das células de um tecido, em geral sem elevação numérica. Desenvolvimento excessivo de um órgão devido, em geral, apenas ao aumento de tamanho de suas células, cujo metabolismo é estimulado fisiologicamente.
Hipertrófico aumento do tamanho ou superaquecimento de tecido ou órgão, em resposta à estimulação tanto normal como anormal. O aumento do tamanho de um tecido ou órgão se faz sempre pelo aumento do tamanho de cada célula que constitui o tecido, e não pelo aumento do número dessas células, que então caracterizaria uma hiperplasia.
Hiperventilação 1. aumento na frequência e profundidade da respiração acima do nível necessário para a função ventilatória normal; 2. respiração anormalmente rápida que faz com que muito dióxido de carbono seja removido do sangue, com alterações fisiológicas consequentes de queda de pressão sanguínea, formigamentos nas mãos e pés, e, às vezes, desmaios.



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